Reflexão: Bird Box

Devo confessar que, mesmo sendo um gênero de filme que aprecio muito, a maior motivação para assistir o filme Bird Box foi mesmo a curiosidade, despertada após ouvir e ler tantas teorias sobre mensagens subliminares, teorias da conspiração e como sempre, o posicionamento da ala religiosa que vê demônio em tudo, dizendo que era um filme demoníaco.

Muitas teorias sobre as metáforas existentes no filme já foram divulgadas e a que ganhou maior destaque foi a de que o filme fala sobre a depressão. Até mesmo a diretora do filme deu, em uma entrevista a revista americana Variety, sua visão sobre o filme, dizendo que para ela o filme fala sobre os desafios da maternidade, principalmente de uma gravidez indesejada.

Independente das teorias e reais intenções do filme, é possível fazer uma reflexão diferente e ter uma visão cristã do filme. Muitos elementos presentes no filme me fizeram refletir sobre a nossa vida nesse mundo, nossa luta contra o pecado, o auxílio do Espírito Santo em busca da Santidade, o desafio de fazer discípulos e finalmente, nossa caminhada rumo à Nova Jerusalém. Não são metáforas perfeitas, mas reflexões que podem ser edificantes.

O filme fala sobre uma força, uma entidade (ou uma "presença") que, com um simples olhar, leva as pessoas a desejarem a morte. A Bíblia trata desta mesma forma o pecado, em Rm 8:6 e 13. "O pendor da carne (do pecado) dá para a morte" e "Se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte". O filme mostra pessoas literalmente caminhando para a morte após olharem para essa entidade, elas perdem o controle e desejam a morte, exatamente como descrito em Rm 7:15-24 "nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto".

O filme mostra que os pássaros conseguem "pressentir" a entidade e se agitam, avisando as pessoas para que consigam cobrir os olhos e não serem afetados. Da mesma forma o Espírito Santo (que na Bíblia já foi representado em formato de pomba) nos avisa (convence) do pecado para que possamos cobrir os olhos. Curiosamente, uma cena do filme mostra uma das pessoas que "trabalham" para a entidade, colocando os pássaros dentro de um freezer, para que não pudessem avisar sobre o perigo, lembrando mais um texto bíblico em I Ts 5:19 "não apagueis o Espírito".

Os loucos no filme são pessoas que não são afetadas pela entidade e trabalham para ela, tentando fazer com que as outras pessoas olhem e se matem, dizendo o tempo todo que a entidade é "linda". Na minha opinião são representantes de tudo que nos atrai para o pecado: o mundo, nossa própria natureza e o diabo. Nossos 3 inimigos, citados pela Bíblia e que devem ser combatidos em nossa luta contra o pecado.

As crianças do filme podem ser vistas como nossos "filhos espirituais", neófitos, "discipulandos". Me chamou a atenção as cenas em que a protagonista, com os olhos vendados, tentava guiar os filhos, também com os olhos vendados por caminhos cheios de obstáculos. Me lembrou do texto em Mt 15:14 em que Jesus cita os cegos que guiam outros cegos, seu aviso é de que "cairão ambos no barranco", muito parecido com o que acontece no filme. Nos mostra como mesmo os chamados "líderes espirituais" não devem esquecer que sua condição de luta contra o pecado é a mesma, não são "seres especiais" com super poderes contra o pecado.

Finalmente, a chegada ao abrigo no final, pode ser vista como a chegada ao céu, pois somente ali estaremos libertos da presença do pecado. O mais interessante desta parte do filme, é que ela foi alterada com relação ao final do livro do qual a história foi extraída. No livro, o abrigo não é um Instituto para Cegos, mas um local onde as pessoas decidiram se cegar, furando os próprios olhos para ficarem imunes à entidade, trazendo literalidade ao que Jesus nos chama a fazer em nossa luta contra o pecado em Mt 5:29 e novamente em Mt 18:9 "Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora..."

Creio que de todas as reflexões possíveis, a mais impactante na minha opinião é: se tivéssemos a consciência do resultado do pecado (literalmente a morte!), deveríamos fugir dele como as pessoas fogem neste filme, com terror e desespero. Infelizmente, em nossas vidas, muitas vezes agimos mais como os "loucos", admirando a "beleza" do pecado do que fugindo dele.

Que Deus nos ajude a fugir do pecado e de sua terrível consequência.

Em Cristo.
Diego Lahos França